Competência Emocional

Por José Silveira Passos

Segundo Goleman (1), a Competência Emocional, “é uma capacidade adquirida, baseada na inteligência emocional, que resulta num desempenho destacado no trabalho” p. 38.

A Inteligência Emocional (IE) irá determinar o potencial de um indivíduo para aprender as habilidades práticas que estão baseadas no seguintes itens:

* auto – percepção;
* motivação;
* auto – regulação;
* empatia;
* aptidão natural para os relacionamentos.

O indivíduo que possui um alto grau de IE não assegura que ele adquiriu as competências emocionais que tem importância para o trabalho. Pode significar tão somente que ele possui um excelente potencial para adquirir essas competências.
Exemplo: Pelé se não tivesse tido treinamento e orientação adequadas possivelmente não teria sido o atleta do século; Pavaroti se não tivesse tido aulas de canto, não desabrocharia, etc.

Temos hoje cerca de 300 estudos patrocinados por diversas empresas em todo o mundo que demonstram que o caminho para a excelência atribui peso muito maior às competências emocionais do que às capacidades cognitivas.

Cientistas e profissões eminentemente técnicas, o pensamento analítico aparece em terceiro lugar, após a capacidade de influenciar e a vontade de realizar. Ou seja, o brilhantismo por si só não irá impulsionar um cientista para o topo, sem que ele tenha desenvolvido a sua capacidade de influenciar e persuadir outras pessoas bem como a disciplina interior de se empenhar em metas desafiadoras.
Exemplo (1): “um gênio preguiçoso ou reticente pode ter todas as respostas em sua cabeça, mas de pouco valerão se ninguém as conhece ou se ninguém se importar com ela!” p. 43.

Susan Ennis (Bank Boston) certa vez relatou a Daniel Goleman (1), referindo-se aos técnicos dos técnicos (engenheiros consultores de empresas): “o que se destacava não era sua capacidade intelectual, pois quase todos nessas companhias tem praticamente o mesmo grau de inteligência, mas sim a sua competência emocional. É sua capacidade de ouvir, de influenciar, de colaborar e de fazer com que as pessoas fiquem motivadas e trabalhando bem em conjunto”, p. 43.

O gerente de um banco privado suíço foi categórico em sua afirmação: “Meu trabalho é algo parecido com o de um padre ou médico de família. Não se pode trabalhar num banco privado sem utilizar a inteligência emocional, especialmente a empatia. Tem-se de presentir o que o cliente espera ou receia, mesmo que ele não seja capaz de traduzir isso em palavra”. (2), p. 148/49.

Em um universo de 181 modelos de competência, extraídos de 121 organizações diferentes em todo o mundo, pode-se verificar que 2 entre 3 das capacidades julgadas essenciais para um desempenho eficaz eram competências emocionais. Comparando o QI e conhecimento especializado, a competência emocional tinha o dobro da importância. Como afirma o Dr. Goleman: “Para o êxito nos mais altos níveis em posição de liderança, a competência emocional responde por praticamente toda a margem de vantagem”.

Um profissional de Primeira Grandeza tem preço?

O Dr. Goleman cita em sua obra (2) vários exemplos de pesquisas, experimentos, relatos, etc., que comprovam a eficiência de profissionais com QE (Quociente Emocional) elevado. Dentre outros cita o caso dos gerentes de contas da RCA que conseguiram aumentar em dezenas de milhões de dólares , anos após anos, o tamanho das contas de seus clientes. Conseguiram isto não por terem maiores e melhores conhecimentos técnicos do que os concorrentes, mas somente porque tinham maior habilidade para lidar com pessoas (alto QE). Uma pergunta importante a se fazer ao pesquisador Lyle Spencer Jr., responsável pelas coletas de dados referentes aos gerentes de contas : Qual foi a razão do notável sucesso desses gerentes de conta?

Spencer confidenciou ao Dr. Goleman (2) que na verdade aqueles gerentes de desempenho mediano, se limitavam em se dispor do mínimo de tempo com os seus clientes, somente o tempo suficiente para verificarem se eles estariam satisfeitos. Já os gerentes de topo, despendiam muito mais tempo com seus clientes, seduzindo-os, tomando alguns drinques com eles, conversando com eles sobre as novidades em termos de tecnologia e das possibilidades de melhoria dos produtos e serviços fornecidos, etc. Assim sendo, eles não se davam por satisfeitos apenas em manter as contas estáveis, eles efetuavam mais vendas. Podemos notar que este procedimento com os clientes, os gerentes buscavam construir relacionamentos, captando intuitivamente os pontos sensíveis e os entusiasmos de seus clientes, conseguindo com isso, manejar adequadamente as suas necessidades com os produtos e serviços oferecidos.

Agora responda você mesmo à indagação acima (Um profissional de Primeira Grandeza tem preço?).

Agora o mais importante será responder a seguinte pergunta: E como se consegue capacitar um gerente para que ele seja um Gerente de Primeira Grandeza? A resposta a esta indagação é: desenvolvendo a sua Competência Emocional. E como fazer isto? Inserindo os seus profissionais em um “Programa de Capacitação Emocional”.

Bibliografia:

1) Goleman, D., Inteligência Emocional – A Teoria Revolucionária que Redefine o que é ser Inteligente (tradução de Marcos Santarrita), Editora Objetiva Ltda (www.objetiva.com), Rio de Janeiro, 15. Edição, 1995.
2) Goleman, D., Trabalhando com a Inteligência Emocional (tradução de M. H. C. Côrtes), Editora Objetiva Ltda (http://www.objetiva.com), Rio de Janeiro, 1999.