Comportamentos passivos e as respostas eficazes em cada um deles segundo Jacqui Schiff

Por José Silveira Passos

Segundo Aaron e Jacqui Schiff (Passividade, in: Prêmios Eric Berne), as manifestações observáveis de passividade são identificadas através de quatro comportamentos passivos: Não Fazer Nada; Super Adaptação; Agitação; e Incapacidade ou Violência.

– Não Fazer Nada – Na tentativa de manter a simbiose, a Criança assume o comando da personalidade, criando assim, uma contaminação em que a pessoa utiliza a energia com a finalidade de bloquear ou inibir reações. É o oposto de uma atitude Adulta que frente a uma situação em que existe um problema ela conecta o seu Adulto e decide não fazer nada, ao invés de passivamente, nada fazer.

– Super Adaptação – Segundo Schiff (Passividade, in: Prêmios Eric Berne), a Super Adaptação é o comportamento passivo mais difícil de se identificar e é também o mais adaptado à situação; logo é o mais reforçado comumente. A Super Adaptação ocorre quando o indivíduo não consegue identificar a sua própria meta ao tentar resolver um problema. Ele tenta realizar o que acredita ser a meta do outro. Utiliza a grandiosidade para projetar aquilo que ele acredita ser a expectativa do outro, ele define o problema como sem solução e a expectativa como sendo absurda.

– Agitação – segundo Schiff (Passividade, in: Prêmios Eric Berne), a Agitação acontece entre a Sobre Adaptação e a Violência. A energia é gasta em atividades repetitivas e sem propósito, não visando alcançar objetivos, mas sim, descarregar energia.
Na Agitação o indivíduo sente um profundo desconforto e o seu pensamento é confuso. Tenta defender a simbiose contra qualquer ameaça, mas sente-se inadequado e sabe que “poderia fazer alguma coisa”.

Segundo Schiff, não se conhece uma forma de conectar o Adulto do indivíduo em Agitação e a forma que ela recomenda é a de restabelecer a Sobre Adaptação para anular a Violência. Diz também que a seriedade do comportamento violento não deve ser subestimado.

Schiff afirma que a grandiosidade é mantida pela crença de que a atividade seja produtiva, onde o indivíduo pensa que está realizando algo quando caminha de um lado para o outro. E o que de fato ele está fazendo é trabalhar a histeria na direção de uma descarga violenta de energia, que reduz sua capacidade.

Segundo Schiff, alguns comportamentos agitados tais como gagueira são, por si só, tão imcapacitadores que os torna difícil distinguir entre a Agitação e Incapacitação, ao passo que comportamentos ritualísticos, tais como fumar, podem ter importante papel no controle da Agitação, ou podem ser, eles próprios, comportamentos agitados.

– Incapacidade ou Violência – É um comportamento que ocorre na descarga de energia acumulada na passividade, e é uma tentativa de reforçar a simbiose quando prestes ao rompimento. Segundo Schiff não é identificado nenhum pensamento, o indivíduo não aceita responsabilidade pelo seu comportamento. Após a descarga de energia, o Adulto poderá ser conectado. Schiff afirma que tanto a Incapacidade como a Violência constituem em benefícios nos Jogos de “Eu não agüento mais”, logo, envolve grandiosidade.

Segundo Schiff (Passividade, in: Prêmios Eric Berne), o indivíduo que responde a uma situação problemática nada fazendo, é bem capaz de desencadear uma simbiose. Portanto, a resposta mais eficiente do facilitador é a confrontação. O indivíduo com esse comportamento passivo falará por demais calmamente, ficará hesitante diante de perguntas ou terá dificuldade de expressão.

Provavelmente existirão pausas desconfortáveis enquanto ele desvia a vista ou busca palavras ou fica silencioso por longo tempo, antes de responder a uma pergunta simples. Schiff acredita que deva ser dado carícias negativas cada vez que isto acontecer, e, deve ficar estabelecido que existe uma expectativa de que ele fale positivamente e responda imediatamente, como por exemplo: “Eu espero que você responda! Eu não pretendo permanecer aqui em pé”.

Schiff afirma, ainda, que se o indivíduo não tem informações de como responder, ainda assim, poderá ser responsabilizado pela identificação deste problema, por procurar ativamente informações, por discutir o problema com outros e por usar toda a informação que já tenha.

Na Super Adaptação o indivíduo possui mais capacidade de pensar do que nos outros comportamentos passivos, por isto torna-se mais fácil oferecer grandes quantidades de dados e informações sobre suas habilidades e capacidades. Fica assim, mais difícil o indivíduo continuar desqualificando quando confrontado. Segundo Schiff é o comportamento passivo mais acessível a tratamento. Acredita, também, que é necessário mais estudos para entender as implicações da Sobre Adaptação e como ela rompe e impede a solução de problemas.

Schiff acredita que a Sobre Adaptação é a que tem melhor prognóstico, pois é a que existe mais pensamento, propiciando assim, maior facilidade para a resolução. A Super Adaptação aparece em muitos Jogos Psicológicos tais como “Veja Como Me Esforcei”, “Se Não Fosse Por Ele”, “Perna de Pau”, etc. O indivíduo parece estar buscando uma solução para o problema mas é incapaz de chegar a uma solução satisfatória e se justifica: “Eu estava por demais amedrontado”, ou “simplesmente não sabia o que fazer”, ou “não sei” ou qualquer outra desculpa. As desculpas e a presença de um pensamento pobre de relação causa e efeito, segundo Schiff, são os melhores indicadores de que Sobre Adaptação é o problema.

Schiff acredita que o indivíduo passivo é capaz de adaptar-se à expectativa de que sabe pensar e responder apropriadamente. Assim sendo, pode ser necessário dizer-lhe que existem razões para todas as coisas, que ele é responsável por saber o que lhe passa na cabeça e que ele pode resolver problemas. Uma combinação de expectativa e apoio pode ser útil para desencadear a ruptura da passividade. É necessário que exista definições externas da realidade e das expectativas, uma vez que há muita grandiosidade projetada, embora o indivíduo possa parecer estar respondendo adequadamente à situação, o seu pensamento é às vezes claramente desviante.

Schiff acredita que punição ajuda positivamente ao indivíduo a estabelecer metas realizáveis, como por exemplo: ele pode não estar motivado para realizar as tarefas que lhe tragam carícias positivas, mas pode ficar motivado para evitar castigos e logo desejará estabelecer uma meta para si que seja coerente com a expectativa.

Schiff, recomenda que o procedimento mais adequado quando o indivíduo encontra-se agitado é atuar como pai do indivíduo, até que ele esteja adaptado à Parentalização e então lide com o que está causando o comportamento. Este procedimento facilita a interrupção do desenvolvimento da energia, antes que ela seja descarregada, restaurando assim, a Super Adaptação, onde existe maior possibilidade de pensamento, o que possibilita o indivíduo responder mais apropriadamente.

Schiff afirma que a Violência e a Incapacidade são os mais graves comportamentos na passividade, pois, neles o indivíduo desiste da responsabilidade de pensar e de resolver problemas.

Como o indivíduo está sobre grande pressão interna, é conveniente que seja protegido a fim de que a descarga energética ocorra, evitando assim, a escalada, para então após isto, levá-lo a assumir responsabilidades.

Bibliografia:

1 – Schiff, J. e Schiff, A. Passividade, in Prêmios Eric Berne.
2 – Schiff, J. L. Análise Transacional – Tratamento de Psicoses – Leitura do Cathexis; 1986; Apostila da UNA T- BRASIL.