Crenças central (ou nucleares) e de suporte de Script. Relação entre Crenças e Disfarce; Posição Existencial e Script.

Por José Silveira Passos

Erskine (Sistema de Disfarces, Conferência Magna do VII Congresso Brasileiro de AT, S. Paulo, 1985), define “Crenças são decisões sobre si mesmo, sobre os outros e sobre a vida”, p. 13.

O autor fala das Crenças do Script, tais como:

– Crenças sobre si mesmo: “Eu sou burro” ou “Eu sou fraco” ou “Eu sou feio” ou “Eu sou maluco”, etc.
– Crenças sobre os outros: “As pessoas não são confiáveis” ou “As pessoas só se importam consigo mesmas” ou “As pessoas me ferirão”, etc.
– Crenças sobre a qualidade de vida: “A vida é sofrimento” ou “A vida é dura” ou “Para que afinal”, etc.

O autor afirma que a finalidade das Crenças do Argumento é não sentir o desconforto da necessidade não satisfeita. Funciona como um suporte para o indivíduo num ambiente desconfortável. O indivíduo terá a sensação de segurança ao manter as Crenças do Argumento por algum tempo, produzindo, o que o autor chama de uma homeostase psicológica. Um espécie de equilíbrio psicológico, tornando a vida previsível, ou impedindo a ansiedade diante da imprevisibilidade da vida.

De acordo com a exposição acima, podemos concluir que Crença Central (Nuclear) é a decisão básica, tomada intuitivamente pela criança, como por exemplo: “Não sou amado”. Mais tarde poderá decidir que “Não se pode confiar nas pessoas”, etc., dando suporte à crença inicial, surgindo assim, a Crença de Suporte. Ou seja, Crença de Suporte são as crenças que irão aperfeiçoar ou reafirmar as Crenças Centrais.

Crenças e Disfarces – Erskine e Zalcman (O Sistema de Disfarce, in: Prêmios Eric Berne) afirmam que há uma constante reciclagem da crença do Script e da emoção sentida no momento da decisão do Script. Esta reciclagem da crença se dá a nível intra-psíquico. Tais crenças fazem parte dos componentes do Sistema de Disfarce, que é tido como um sistema auto-reforçador e distorcido de emoções, pensamentos e ações mantido pelo indivíduo dentro de seu Script.

PE e Script – As decisões que o indivíduo toma sobre si mesmo, sobre os outros e sobre a vida, dão origem as crenças existenciais. As crenças são decisões de Script tomadas na época em que a criança modificou suas expectativas, em virtude de seu comportamento espontâneo não ter sido permitido ou ter sido proibido no ceio da família. Em virtude de não ser permitido o comportamento espontâneo, a criança busca se adaptar às expectativas parentais do ambiente familiar tomando, precocemente, uma decisão de Script de vida.

Posição Existencial é a noção de valor que o indivíduo tem de si mesmo em comparação ao outro e advém das crenças que possui. Ocorre em conjunto com as crenças.

Desse modo, PE e Script estão intimamente relacionados, uma vez que crenças de script propiciam uma visão distorcida de si mesmo e do outro, levando a pessoa a desenvolver uma PE que afetará a sua qualidade de vida.

Bibliografia:

1 – Erskine, R. Sistema de Disfarces, Conferência Magna do VII Congresso Brasileiro de AT realizado em São Paulo em 1985, in: Revista de Análise Transacional número 4 (maio/agosto), 1985, Órgão da UNAT-BR e ALAAT.
2 – Erskine, R. G. e Zalcman, M. J. O Sistema de Disfarce: Um Modelo para Análise de Disfarces, in: Prêmios Eric Berne.