Diagramas: estrutural e funcional - suas aplicações

Por José Silveira Passos

Diagramas estruturais

Berne (ATP), p. 179, na fig. 17(g), apresenta o diagrama “análise estrutural de segunda ordem completa”, para visualizar o diagrama, clique no link abaixo:

Análise Estrutural de Segunda Ordem Completa

Woollams (Manual Completo), p. 18, fig. 2-2, apresenta um “Diagrama Estrutural de Segunda Ordem”, para visualizar o diagrama, clique no link abaixo:

Diagrama Estrutural de Segunda Ordem

Claude Steiner (Papéis), p. 52, fig. 2, apresenta um “Diagrama de Segunda Ordem do Estado de Ego Criança”, para visualizar o diagrama, clique no link abaixo:

Diagrama de Segunda Ordem do Estado de Ego Criança

Babcock e Keepers, (Pais OK), p. 179, apresenta a fig. 29, intitulada “Diagrama Estrutural do Estágio de Construção Completado”, que é na realidade um Diagrama Estrutural de Segunda Ordem da Criança:

Diagrama Estrutural do Estágio de Construção Completado

Roberto Kertész (AT ao Vivo), p. 38, apresenta os seguintes diagramas estruturais (suprimido a legenda):

(Não tem a imagem….)

Diagramas funcionais

Woollams (Manual Completo), p.19, fig. 2-3, apresenta “Diagramas Funcionais de Segunda Ordem”, para visualizar o diagrama, clique no link abaixo:

Diagramas Funcionais de Segunda Ordem

Steiner (Papéis), p. 54, fig. 3 apresenta, um diagrama funcional, intitulado “Estados do Ego, seus nomes e Funções”, para visualizar o diagrama, clique no link abaixo:

Estados do Ego, seus nomes e Funções

Roberto Kertész (AT ao Vivo), p. 45, apresenta o seguinte diagrama funcional (partes da legenda foi suprimida) para visualizar o diagrama, clique no link abaixo:

Os Estados de Ego na Análise Transacional

Comentários

Observamos que não há uma padronização, entre alguns autores quanto ao modelo de apresentação esquemática em termos estruturais e funcionais.

Como utilizamos os diagramas em nossa prática

Diagrama Estrutural:

Utilizamos o diagrama estrutural para analisar o histórico dos estados de ego do cliente, para avaliar os diálogos internos, os tipos mais freqüentes das transações que estabelece, bem como para desenvolver a matriz de seu Script. Isso facilita adequar as estratégias a serem empregadas durante o tratamento, bem como auxilia nos prognósticos dos mesmos.

Diagrama Funcional:

Utilizamos o diagrama funcional para diagnosticar as possíveis simbioses, os padrões de carícias, a PE básica, os tipos de jogos mais usuais, o papel predominante no Triângulo Dramático de Karpman, os seus rackets mais freqüentes, a forma predominante de estruturar o tempo, bem como verificar a forma como o cliente busca, através do Mini-Scrip, o desfecho final de seu Script.

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Um exemplo de nossa prática

Cliente do sexo feminino, 35 anos, separada há 8 anos, 1 filho de 10 anos, filha de imigrantes japoneses, pais hoje com 82 e 84 anos respectivamente. Nosso primeiro contato foi através de um curso 101. Após aproximadamente 1 ano desse primeiro contato, procurou-nos para fazer terapia. Sua queixa inicial: dificuldades no relacionamento com o seu filho. As informações a seguir foram obtidas durante as 10 sessões de terapia individual (daí em diante passou para terapia de grupo).

Tem um irmão 4 anos mais velho e outro 2 anos mais novo. Seu pai era comerciante habilidoso (hoje aposentado), sua mãe sempre foi do lar (nunca trabalhou fora). Diz que sempre se sentiu preterida em relação aos irmãos. Seus pais davam “força” naquilo que eles queriam fazer. Seu pai sempre dizia que mulher é para cuidar da casa. Quanto aos irmãos, diziam que eles tinham que estudar para serem “alguém na vida”.

Batalhou muito para estudar (formou-se em arquitetura, porém só trabalhou na profissão 1 ano como estagiária). Disse que o povo japonês não valoriza a mulher como valoriza o homem (a mulher é quase uma serviçal do homem).

Seu casamento começou a não dar certo após 2 anos de casada, chegou a viver separada durante 6 meses, voltando a viver novamente com o seu marido, foi quando ficou grávida de seu filho, só se separando definitivamente quase 3 anos depois. Motivo da separação: o marido não ligava para ela (não dava atenção, não importava se ela saía com amigos para passear, etc.).

Após a separação começou a trabalhar como secretária, hoje é vendedora (diz ser muito habilidosa em vendas) de software de uma empresa especializada em informática. Desde a separação, embora more com o filho em seu apartamento, passa grande parte do tempo na casa de seus pais (o filho só vai para casa para dormir). Durante este tempo “fez a cabeça” do filho para que ele não se relacione com o pai (inclusive o filho não queria saber do pai, segundo ela). Afirmou que se sente revoltada com a família de seu ex-marido, pois após a separação eles afastaram dela, não a mais convida para as festas, etc.

Disse que sua mãe sempre criticou muito o seu pai, por este não permitir que ela o ajudasse na loja. Quando ela (mãe) aparecia na loja ele tratava logo de mandá-la de volta para casa.
Acredita que está reprimindo o filho em demasia, às vezes agride o filho e depois se sente culpada, por isso ele está ficando muito rebelde com ela, daí a dificuldade no relacionamento. Diz que não quer ter um relacionamento de par (de vez em quando sai e dá uma trepadinha e só. Às vezes nem isto quer). Não gosta de conversar com os pais, principalmente com o pai. Diz que não agüenta a sua presença, mais tem que suportá-lo, pois está muito velhinho e precisa dela para levar ao médico, etc. Diz que nunca presenciou um momento de carinho entre seus pais. Não abraça sua mãe e nem o seu pai. Seus pais até hoje não conseguem falar bem o português.

Análise do histórico dos estados de ego da cliente

Quando fala de seu ex-marido muda o tom de voz (torna mais incisivo), aponta com o dedo, fica com o olhar severo. Nesse momento aparece o seu estado de Ego Pai que reproduz o comportamento de sua mãe com o seu pai. A cliente externa um comportamento de Pai correspondente ao modelo de esposa que está gravado em sua estrutura psíquica (Pai) copiado de sua mãe real. Como está gravado em sua estrutura psíquica, ele continua lá, mesmo quando ela apresenta outros comportamentos (e continuará mesmo após o desaparecimento de sua mãe).

Suas agressões ao filho acompanhadas de sentimentos de culpa, tem todas as características de um comportamento infantil, (que ela fora um dia), quando ficava revoltada com o comportamento do pai (se sentia preterida pelo pai em relação aos irmãos) e se sentia culpada. Esse sentimento de culpa está gravado em sua estrutura psíquica (Criança) e lá continua mesmo não tendo presente uma conduta do gênero. Claro que não podemos dizer que a totalidade dos conteúdos do estado de Ego Criança dessa cliente é constituído apenas pelas suas revoltas (afastamento da família do ex-marido) e sentimentos de culpa (por agredir o filho). Esses sentimentos referem-se apenas a uma subestrutura de sua Criança. Existe ainda duas outras subestruturas dentro da estrutura de sua Criança.

O seu estado de Ego Criança foi formado por etapas. Ao nascer, suas necessidades e impulsos expontâneos não dependeram de seus pais para se formarem. Essas necessidades e impulsos permanecem em sua Criança, formando uma subestrutura (de vez em quando ela sente necessidade de sair e dar uma trepada, por exemplo). A outra subestrutura que faz parte de sua Criança, advém de sua própria intuição e criatividade que em contato com a realidade à sua volta permitiu adquirir experiências, com isto, desenvolvendo sua capacidade técnica para manipular o ambiente em que vive.

Do mesmo modo o estado de Ego Pai da cliente foi formado de três modos diferentes, ou seja, através da visão dos pais comportando-se em seus estados de Ego Pai, Adulto e Criança, formando assim três subestruturas no Pai. O Pai do Pai da cliente contém os valores culturais (cultura japonesa) provenientes dos avós (a mulher é para servir ao homem), ou seja todos os valores dos pais no momento em que eles se comportavam no seu estado de Ego Pai. O Adulto do Pai contém toda a internalização dos pais quando estes se comportavam no Adulto (seu pai tinha habilidade para vender). A Criança do Pai contém toda a internalização dos pais quando estes se comportavam na Criança.

Esta análise do histórico de seus estados de ego, permitiu avaliar seus diálogos internos, os tipos de transações mais freqüentes que estabelece em seus relacionamentos, bem como desenvolver a matriz preliminar de seu Script de vida.

A primeira intervenção que fizemos utilizando o diagrama funcional, com a cliente, foi referente ao relacionamento com o seu filho. Foi fácil para ela entender de imediato, uma vez que havia participado de um curso 101 anteriormente. Foi questão apenas de recordar os conceitos. Desenhamos os diagramas funcionais seu e de seu filho, no quadro negro, em seguida traçamos as setas correspondentes às transações envolvidas, que no caso foi sua crítica a determinado comportamento de filho (PC negativo) dirigida à CA do filho e a resposta do filho (CAR negativa). Em seguida introduzimos o conceito de circuito negativo e circuito positivo. A partir daí ficou patenteado, no quadro negro, o tipo de transação usual entre os dois (Transação Cerrada, no caso). Em seguida discutimos as possibilidades de mudanças de Karpman (Opções, in: Prêmios Eric Berne) e obtivemos um contrato inicial com a cliente: parar de utilizar o PC negativo com o filho. Vários outros diagramas funcionais foram utilizados ao longo das 10 sessões de terapia individual, com a finalidade de auxiliar a cliente perceber suas transações com o pai, com a mãe, com o ex-marido, etc. É claro que nas 10 sessões de terapia individual outros instrumentos foram utilizados, além dos conceitos de diagramas estrutural e funcional.

Bibliografia:

1 – Berne, E., Análise Transacional em Psicoterapia, Editorial Summus, São Paulo, 1985.
2 – Woollams, S. e Brown, M., Manual Completo de Análise Transacional, tradução de Octavio Mendes Cajado, Editora Cultrix, São Paulo, 1979.
3 – Babcock, D. E. e Keepers T.D., Pais OK Filhos OK, Editora Artenova, Rio de Janeiro, 1977.
4 – Steiner, C., Os Papéis Que Vivemos na Vida, Ed. Artenova, Rio de Janeiro, 1976.
5 – Karpman, S., Opções, in: Prêmios Eric Berne, UNAT-BR, Brasília, 1983.
6 – Kertész, R. Manual de Análisis Transaccional, Editora Conantal, B. Aires.