O Prazer da Terapia Rituais Simples para Psicoterapeutas

Jeff Blume – Bombshelter Press – Los Angeles, 1995

Preparado e organizado para html por:
José Silveira Passos

Esteja atento. Seja você mesmo. Cure suas feridas e olhe profundamente para o seu próprio processo.

Acolha, sinta e aceite suas vulnerabilidades. Encoraje e aprecie estar no “aqui e agora”. Permaneça com o material incômodo. Fique com os sentimentos do cliente e contenha-os, quaisquer que sejam eles. Escute. Ajude os clientes a assumir seus sentimentos e as diferentes partes que rejeitam.

Compreenda, embale e gentilmente devolva aos clientes suas projeções. Lembre-se, os clientes não podem fazer mal. Evite rotular quando se sentir nervoso. Entenda que por trás do rótulo de narcisismo, há ofensas e feridas. Os assim chamados “limítrofes” na verdade são, interiormente, crianças vítimas de abuso, em busca de amor e continência. Diferencie-se. Não assuma a responsabilidade pela dor, pelos conflitos ou problemas do cliente – são dele.

Seja consistente, fique presente, seja honesto. Esteja presente com o coração. Confie no processo psicoterápico. Funciona. Seja paciente. Descubra eus ocultos. Empatia, empatia, empatia. Continue crescendo e torne-se emocionalmente tão sadio quanto possível. Confie e comprometa-se. Compartilhe com colegas. Cerque-se de pessoas com as quais você possa ser vulnerável e em quem possa confiar.

Encoraje os clientes a aceitar seus próprios sentimentos e necessidades. Investigue o passado de seu cliente através das projeções atuais e compreenda o comportamento atual através da investigação do passado. Aprecie o poder do processo inconsciente. O seu e o do seu cliente.

Assimile, escolha, desintoxique e calorosamente devolva aos clientes o que eles põem em você. Compreenda a privação e a fome interna. Perceba que o emaranhamento oculta a alma. O abandono parece um vazio. Seja paciente com a ambivalência. Tenha amigos. Trabalhe pelo seu próprio esclarecimento. Encoraje a expressão do material emocionalmente carregado. Seja um modelo de papel positivo. Acredite e instile um sentido realista de esperança e encorajamento, sem infantilizar. Continue sua terapia. Compareça na supervisão. Retorne os telefonemas dos clientes. Ajude-os a ganhar um significado mais profundo nas suas vidas. Acredite no processo paralelo, você também já passou por isso. Mantenha-se criativo e espontâneo. Divirta-se, desfrute do processo de seu cliente. Conheça seus próprios limites. Lembre-se de esticar os horários, é relevante. Investigue, investigue, investigue. O silêncio é mais que ouro. Ofereça um ambiente acolhedor.

Ajude os clientes a serem mais aquilo que são. O conselho pode valer mais para o terapeuta do que para o cliente. Reforce o eu total – os eus sem expressão, cindidos, estão aí por algum motivo. A terapia pode ajudar os clientes a descobrir o que eles já sabem. As perguntas mais simples podem ser as mais profundas. Crie um porto seguro para a dor, o amor, a excitação, a vergonha, a culpa, a desilusão e o crescimento. Construa um espaço especial para que os clientes sejam eles mesmos. Ame-se. Ame os outros. Tire férias. Aprenda a dizer não. O excesso de compromissos conduz ao estresse e à infelicidade, não ao sentimento de realização.

Cuidar de você mesmo é cuidar dos outros. Trabalhe com a sua própria necessidade de ser bem quisto e compreendido pelos seus clientes. Permaneça flexível internamente. Lembre-se, confie no processo. Realmente funciona. Encoraje a expressão. Não é só o trauma que é devastador, mas a inabilidade de expressá-lo. Acredite nos seus clientes. Perceba a defesa como uma proteção. Os clientes são maravilhosos. Nunca ria deles com outros terapeutas. Engane-se. Tateie. Tudo bem se você se sentir assustado e não souber. Acredite em algo.

Coloque os seus próprios limites. Ouça seus clientes a partir do ponto de vista deles. Abrace os seus clientes, talvez, se for saudável e familiar a eles. Nunca, nunca faça sexo com quaisquer clientes passados, presentes ou potenciais. Limites são essenciais. Cuide deles. Trabalhe duro. Coloque-se no prumo, esteja no mesmo barco que o seu cliente. Fique perdido. Algo está acontecendo. Viva este momento e você encontrará solo firme. Desafie os clientes. Tudo bem “explodir”. A terapia é uma experiência de reparação. O terapeuta é um modelo para se estar no processo – há espaço para erros. Não tente encontrar saídas; deixe que os outros afetem seu próprio destino, Fique calmo nas emergências. Deixe as lágrimas rolarem. Esteja vivo. Leve todos os sentimentos do cliente a sério, especialmente os que lhe dizem respeito. Não apresse os clientes em depressão, ela precisa de tempo e expressão. Continue acreditando. Agarre-se a isso. Seja real. Cuide de você e de seus clientes, reconhecendo e lidando com a sua própria contratransferência negativa.

Sempre tenha em mente que a contratransferência é um presente, mas só se você abrir seu próprio embrulho. A compreensão é uma dignidade real, a aceitação, uma coroa de pedras preciosas. Não atenue a dor, a tristeza, a excitação ou a raiva através de explicações. Quando ficar emperrado, vá até o fundo do você mesmo e seja o que você é. A essência da cura pode estar no reflexo e na aceitação dos seus olhos.