Os sete (7) elementos do aparelho do Script segundo Berne.

Por José Silveira Passos

De acordo com Berne (Olá), são 7 os elementos do aparelho do Script: Benefício Final (Saldo; Maldição ou Payoff), Mandatos (Injunções e Requerimento); Provocação (Vamos! Come-on!); Mensagens do Contra-Script (Prescrição, Programação ou Contra Mandatos); Programa (Modelos Parentais); e Impulsor (Demônio).

– Benefício Final (Saldo; Maldição ou Payoff) – São as ordens que os pais dão a seu filho de como deve terminar sua vida. Esta mensagem fica gravada em P1. As maldições mais freqüentes na prática clínica são: ser um solitário; ser um inútil; tornar-se um louco; cair morto, etc.

A decisão de seguir a ordem parental só acontece depois que esta é repetida várias vezes, convém lembrar que embora a maldição do Script tenha sido decretada pelos pais, não tem efeito se não aceita pela criança.

– Mandatos (Injunção ou requerimento) – Uma negativa injusta que impede a pessoa de livrar-se da maldição. Emana da CA NOK e do PC NOK dos pais.

Para que fique solidamente fechado na mente da criança, deve repetir-se com freqüência e as transgressões devem ser castigadas. Às vezes uma só experiência transtornante pode gravar um mandato por toda uma vida.

O Mandato é a parte mais importante do Script e varia de intensidade. Os de 1° grau (socialmente aceitos), são diretrizes reforçadas pela aprovação ou dissuasão. Os de 2° grau (indiretos e duros) são diretrizes de má índole, reforçadas maliciosamente por uma espécie de extorsão de sorrisos sedutores e cenhos ameaçadores.

– Provocação (vamos! come-on!) – Estimula a conduta que levará ao Benefício Final. Segundo Berne, emana do “demônio” que situa na CN NOK dos pais e que pode acompanhar-se de uma risada “que torpe és!”. Logo passa a fazer troça e zombaria mais específicas.

São como uma voz que diz a criança no momento crítico: “Vamos pequeno, que tens a perder?”. O “demônio” do Pai incitando o “demônio” da Criança. Então o Pai faz uma rápida mudança e a pessoa “quebra a cara”; “outra vez?”, diz o pai em triunfo maligno, e a pessoa responde “Ah! Ah! Ah!” com um sorriso sem graça.

A provocação é que promove as fixações nas crianças e começa desde cedo. Assim, as etapas evolutivas posteriores ficam prejudicadas porque a criança encontra-se fixada numa etapa onde suas necessidades não estão atendidas e aí vai desenvolver o cerne de sua patologia.

A provocação surge sempre que a pessoa tem que enfrentar-se com situações que lhe sejam proibidas. Por exemplo, no momento em que está tendo sucesso, caso tenha um mandato que lhe proíba ser bem sucedido nas coisas que faz, sentir-se-á mal pelo fato de não estar obedecendo a ordem parental de fracasso.

Estes três elementos acima descritos, comandam o Script para a sua realização. Os outros quatro a seguir são usados para combatê-lo.

– Mensagens do Contra-Script (prescrição, programa ou contra-mandatos) – O Pai dos pais está programado biológicamente e até certo ponto, é naturalmente nutritivo e protetor. Tanto o pai como a mãe, sejam quais forem os seus problemas internos, fundamentalmente querem o bem estar do filho.

Podem existir contradições entre os contra-mandatos e os mandatos por virem de Estados de Ego diferentes, e, estas contradições podem ser: internas (quando existe numa mesma figura parental) e externas (quando existe em duas figuras parentais).

Os Mandatos são gravados e entram em vigor nos primeiros anos de vida, enquanto as mensagens do Contra-Script passam a ter importância depois e funcionam como conselhos.

Na presença de conflitos os mandatos estão destinados a ganharem, caso não haja uma intervenção externa. A alternância entre Script e Contra-Script explica a conduta paradoxal que as pessoas tem.

O Contra-Script determina o estilo de vida da pessoa e os mandatos de Script seu destino último.

– Programa (modelos parentais) – consiste na modelagem de como fazer as coisas. O primeiro aprendizado é através da imitação e depois através de instruções orais, assim a criança aprende como praticar os mandatos. O modelo, de regra geral, vem da figura parental do mesmo sexo.

– Impulsor (demônio) – O demônio é o que faz troça na existência humana, é o coringa na Psicoterapia. Oprime a Criança e a impulsiona para fazer coisas que aparentemente são contraditórias ao mecanismo de Script, porém, na realidade com freqüência o reforçam.

Surge pela primeira vez quando a criança joga a comida ao solo com um alegre brilho nos olhos, esperando para ver o que os pais farão.

Por melhores que sejam os planos que uma pessoa faça, o demônio pode vir num momento crítico e desfazê-los, geralmente com um sorriso e um Ah! Ah! Ah!

Estando o demônio em ação, provavelmente ninguém removerá a pessoa de sua conduta, geralmente caracterizada por faltar as sessões terapêuticas, aventuras loucas e, se alguém o força, abandona a terapia.

– Anti-Script (liberação interna, desencantamento ou exorcismo) – O rompe-feitiço é o elemento que elimina o mandato e libera a pessoa de seu Script para que possa satisfazer suas próprias aspirações autônomas. Em alguns Scripts é óbvio, noutros é preciso buscar ou decifrar.

Às vezes a liberação interna é meramente irônica. Nos Scripts de fracassado: “As coisas melhorarão depois de tua morte”. Outras vezes pode estar centrada em um acontecimento ou no tempo.

Bibliografia:

1 – Berne, E. O Que Você Diz Depois de Dizer Olá?, Nobel, São Paulo, 1988.