Transação redefinidora (de redefinição): definição, classificação, exemplos e aplicação prática.

Por José Silveira Passos

Definição:

Segundo Ken Mellor e Eric Schiff, (Redefinição, in: Prêmios Eric Berne) “Redefinição refere-se ao mecanismo que as pessoas usam para manter uma visão estabelecida de si próprios, de outras pessoas e do mundo, de modo a levar adiante seus roteiros. É o meio pelo qual as pessoas se defendem contra estímulos que são inconsistentes com seu quadro de referência e definem os estímulos para ajustá-los ao quadro”, p. 123.

Segundo os autores, três aspectos são observados no processo de redefinição:

1°) Quando o indivíduo redefine, é possível que esteja estruturando o seu tempo em jogos psicológicos ou está em um comportamento de seu argumento;

2°) A redefinição é usada em concomitância com os quatro comportamentos passivos, tendo como objetivo confirmar ou reforçar o tipo de relação simbiótica requerido pelo indivíduo para caminhar dentro de seu roteiro;

3°) Quando o indivíduo redefine, suas opções ficam limitadas em função das relações simbióticas estruturadas pelas suas redefinições, bem como pelos seus comportamentos.

Quando algo ameaça o quadro de referência do indivíduo, ele busca se defender através da redefinição do estímulo, que é inconsistente, com a finalidade de adequá-lo ao seu quadro de referência.

O indivíduo quando criança, estabelece uma relação simbiótica com a mãe ou com pessoas que tenham influência sobre ela com a finalidade de sobrevivência. Quando estas questões de sobrevivência da infância não são totalmente resolvidas, a tendência é o indivíduo procurar se relacionar com pessoas que possam formar uma estrutura simbiótica semelhante à de sua infância, que é o seu quadro de referência. Assim sendo, a simbiose tanto é a causa como é também o efeito da redefinição.

Classificação e exemplos:

Os autores (Redefinição, in: Prêmios Eric Berne) constataram que as pessoas usam dois tipos distintos de transações quando elas redefinem. São as transações tangenciais e as bloqueadoras.

Transações tangenciais são transações nas quais o estímulo e a resposta se dirigem a diferentes emissores ou se dirigem a mesma emissão de diferentes perspectivas. Conversações envolvendo estas transações se caracterizam por uma constante mudança de foco, afastando-se do ponto que está sendo discutido.

Exemplo: “Quem fez isto?”
Resposta: “Foi feito antes do jantar”. (mudança de “quem” para “quando”).

Transações bloqueadoras são transações nas quais o propósito de levantar uma questão é evitado pela discordância sobre a definição do resultado. Transações bloqueadoras são freqüentemente o primeiro movimento em uma cadeia de transações de redefinição e são usualmente competitivas.

Exemplo: “Pare de se agitar e pense”.
Resposta: “Eu não estava me agitando, estava só dando tempo para sintonizar minha cabeça”. (definição de agitação).

Aplicação prática:

Em nossa prática clínica procuramos não permitir que o cliente continue redefinindo, seja tangenciando ou bloqueando. Usamos a confrontação para interromper a redefinição, como por exemplo: Você não respondeu a minha pergunta! Quer responder ao que perguntei? Isto possibilita a descontaminação de seu Adulto, bem como evita desviar do ponto inicial. Utilizamos este procedimento, para confrontar qualquer tentativa de redefinição, tendo atenção ao estado de Ego usado para confrontar, com a finalidade de evitar simbiose doentia, uma vez que a origem da redefinição está no relacionamento simbiótico de infância.

O indivíduo ao redefinir significa que algo está ameaçando o seu quadro de referência, assim sendo, procuramos averiguar qual é a ameaça que está por traz da redefinição, buscando levar o indivíduo a uma posição de responsabilidade sobre seus sentimentos, pensamentos e comportamentos, levando-o a investir na resolução do conflito.

Outro aspecto que damos atenção quando estamos trabalhando com o processo de redefinição é quanto as desqualificações e grandiosidades, bem como as desordem de pensamentos, envolvidas no contexto. Este procedimento auxilia o cliente a tomar consciência e manter contato com questões internas relevantes para si na situação, pois facilita o seu desenvolvimento na responsabilidade de resolução do problema.

Biblografia:

1 – Ken, M. e Schiff, E., Redefinição, in: Prêmios Eric Berne.