Diagrama da matriz do Script de um cliente (nosso) segundo Berne e Steiner. Como fazemos o planejamento terapêutico usando essas matrizes.

Por José Silveira Passos

Cliente do sexo feminino, 22 anos, solteira.
Queixa inicial: ansiedade.

Em sua história de vida consta que demorou a falar e que os familiares ficavam preocupados, pois achavam que ela poderia ter alguma deficiência mental. Seu pai a protegia muito por isso. Disse que sua irmã mais velha (3 anos mais velha) era a preferida da família. Tudo de melhor era para ela. Diziam que sua irmã era mais bonita, mais inteligente, mais esperta, etc.

Sua mãe tinha ataques histéricos perante qualquer situação difícil, chegava a se jogar no chão e se debater. Disse que ficava muito assustada quando presenciava isto, pois pensava que sua mãe ira morrer. Sua mãe falava para as pessoas que sua filha tinha problemas, era meio doentinha. Mas a outra não. Era muito esperta e inteligente. Seu pai por outro lado a tratava com muito cuidado, dava-lhe tudo que pedia e não brigava com ela.

Sua mãe morreu cedo, de um ataque cardiaco fulminante; sofreu e ainda sofre com a sua perda. Quando cresceu e começou a falar, seu pai a incentivou a se desenvolver nos estudos, dizia que as pessoas para ser alguém na vida tem que se dedicar e ser muito bom em tudo que faz, pois só assim será reconhecida pelos outros. Sua mãe por sua vez ficava o tempo todo dizendo que ela tinha que ser boa com as pessoas, pois só assim poderia ter aquilo que queria. Dizia que as pessoas não gostam de gente que fica discordando das coisas, etc.

Hoje trabalha em uma empresa que não oferece condições adequadas para que possa desenvolver seu trabalho a contento (assim ela diz). Fica muito deprimida por isso, pois sabe que pode desenvolver um trabalho muito melhor do que faz atualmente. Diz ficar muito preocupada com o seu trabalho, pois na maioria das vezes o seu chefe não a qualifica, pelo menos dizendo um obrigado. Acha ele muito medíocre e desinteressado.

Determinado dia chegou para a sessão de terapia com a perna engessada. Disse que ficou furiosa com as atitudes de seu chefe, como não podia brigar com ele deu um chute em uma cadeira e quebrou o pé. Tem um namorado e vive brigando com ele. Diz que ele não liga muito para ela e que por causa disto, de vez em quando, sai com outros homens. Disse que não costumava pedir aos homens que usassem camisinha, pois ficava com vergonha de falar disso com eles.

Disse que certas vez saiu a noite para dar umas voltas de carro. Quando se deu conta estava subindo um morro dentro de uma favela. Disse quase se perdeu lá no tal morro. Só encontrando o caminho de volta porque um carro de polícia que estava fazendo ronda nas proximidades a escoltou até a saída do morro. Os policiais disseram que ela teve muita sorte de não ter ficado sem o carro, pois aquele local é muito perigoso.

Matriz de Script de Berne:

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Matriz de Script de Steiner:

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Observando a matriz do seu Script de Vida, fizemos um planejamento terapêutico como segue:

1 – Elaboramos um contrato para que ela parasse de expor sua vida: só transar com camisinha, deixasse de freqüentar lugares perigosos sem necessidade, parasse de se mutilar e de se negligenciar (chutar a parede, ficar sem comer, não ir ao médico, etc.). Procuramos conscientizá-la dos perigos que estava se expondo sem a mínima necessidade. Isto se deve ao fato dos mandatos ligados a doenças e loucura;

2 – Em paralelo, sugerimos que lesse alguns livros que pudesse acrescentar algo: o primeiro foi “A Carícia Essencial” de Roberto Shyniashiky logo em seguida “Amar pode dar Certo” do mesmo autor;

3 – Um mês depois de iniciar a terapia, convidamos a cliente a participar de um Curso 101. (O que foi muito proveitoso, pois facilitou a tomada de consciência de muitas de suas mensagens parentais);

4 – A partir daí, demos continuidade aos trabalhos de descontaminação de seu Adulto, o que levou mais ou menos três meses;

5 – Em paralelo, buscamos convidar a cliente a se inserir nas Leis de Abundância de Carícias, com a finalidade de elevar sua auto-estima;

6 – Uma vez que o seu Adulto já estava apresentando bastante forte, iniciamos alguns trabalhos de Parentalização com o objetivo de reforçar a sua possibilidade de Autoproteger-se, uma vez que para Autoabastecer-se ela não tinha dificuldades, preparando assim, para o início dos tralhos que a convidassem a buscar sua Autorealização. É uma necessidade premente tendo em vista a possibilidade da cliente cumprir prontamente o mandato de morrer jovem;

7 – Em seguida, iniciamos os trabalhos que pudessem convidar a cliente a redecidir a respeito de seus mandatos;

8 – Concomitantemente, incentivamos a buscar um trabalho de Biodança com o objetivo de facilitar a consolidação das conquistas em termos de Auto-estima e de Auto-realização, bem como manter carregada sua Bateria de Carícias positivas, diminuindo assim, a necessidade de buscar os seus Jogos favoritos e as Emoções de Disfarces correspondentes;

9 – Dezoito (18) meses após o início da terapia, a cliente já estava dormindo em seu quarto sozinha, pois antes ia dormir no quarto com a sua irmã; parou de brigar com o namorado; parou de sair com outros homens (além de seu namorado); Está se protegendo adequadamente, tanto física com emocionalmente. Atualmente, estamos trabalhando as questões ligadas ao seu emprego; está em busca de um novo emprego onde possa desenvolver todo o seu potencial.

Bibliografia:

1 – Berne, E. O Que Você Diz Depois de Dizer Olá?, Nobel, São Paulo, 1988.
2 – Steiner, C. Os Papéis Que Vivemos na Vida, Editora Artenova, Rio de Janeiro, 1976.