Análise Transacional

O Que é Análise Transacional

Por José Silveira Passos

“Todos nós nascemos príncipes e princesas, mas às vezes nossa infância nos transforma em sapos”, (acomodados).
Eric Berne

Análise Transacional (AT) é uma teoria da personalidade criada pelo Dr. Eric Berne no final da década de 50. De acordo com a definição da International Transactional Analysis Association (ITAA) “A Análise Transacional é uma teoria da personalidade e uma psicoterapia sistemática para o crescimento e a mudança pessoal”. É também uma filosofia de vida, uma teoria da Psicologia individual e social. Possui um conjunto de técnicas de mudança positiva que possibilita uma tomada de posição quanto ao ser humano.

Atualmente, a AT tem evoluído e se desenvolvido através das diversas contribuições teóricas e práticas de muitos autores seguidores de Berne e conta também com uma difusão e aplicação em nível mundial.

O termo transacional deveu-se ao interesse que Berne tinha pelo que ocorria entre as pessoas. Daí o estudo, a análise, as trocas de estímulos e as respostas (transações) entre os indivíduos serem a ênfase dada por Berne ao iniciar as suas pesquisas e observações que culminaram na criação da Análise Transacional (AT).

Além de ter se ocupado primordialmente com o que ocorre entre os indivíduos, Berne contribuiu ainda com excelente modelo de estudo do que ocorre no interior do indivíduo. Berne dizia: “todos nós nascemos príncipes e princesas, mas às vezes nossa infância nos transforma em sapos”. É uma filosofia positiva e de confiança no ser humano: todos nós nascemos bem (“OK”), com capacidade plena para obter sucesso e satisfação de nossas necessidades. A única exceção é quando o indivíduo sofre alguma afecção orgânica grave.

A AT é um modelo de aprendizagem, que veio em substituição ao velho modelo da “enfermidade mental”. Berne detestava usar termos médicos complicados, por isso passou a usar uma linguagem fácil, do cotidiano, de tal modo que todos o entendiam. A naturalidade da AT fundamenta-se nas necessidades básicas do ser humano: biológicas, psicológicas e sociais.

Berne buscou formular a sua teoria a partir do que via e ouvia, através do que diziam e faziam os seus clientes. Ele era muito observador da conduta humana, não era adepto de teorias que não pudessem ser demonstradas e colocadas em prática.

A teoria da AT, em quase a sua totalidade, pode ser representada mediante gráficos simples, tais como círculos, triângulos, vetores, quadrados, etc., permitindo, assim, o seu aprendizado através dos conceitos abstratos e, além disso, fornece excelente possibilidade de aprendizado através do canal visual.

A teoria da AT está estruturada através de 10 instrumentos, que aliados ao conhecimento da história pessoal do indivíduo, aos sinais de comportamentos observados e da intuição, permite predizer, com um grau de acerto espantoso, o que acontecerá ao indivíduo, caso ele continue com o seu programa interno. Esse grau de acerto elevado, tanto se verifica no nível individual quanto em grupos e em organizações, facilitando, assim, a prevenção de comportamentos destrutivos e perigosos, possibilitando uma atuação precisa e potente para que não haja uma concretização de tais predições. Isto possibilita uma atuação preventiva tanto por parte do profissional como por parte do cliente, pois em virtude de sua simplicidade permite a compreensão do comportamento próprio e alheio, sem a necessidade de dispêndio de muito tempo e dinheiro para consolidar um diagnóstico preciso, demonstrando desse modo a sua eficácia.

Outro aspecto que considero de muita importância na AT é o fato de sua teoria ser de fácil assimilação, inclusive para os leigos. Uma criança de 8 a 10 anos de idade assimila perfeitamente os seus conceitos. A AT é também de fácil integração com outras teorias psicológicas tais como a Gestalt Terapia, que trabalha com as emoções, as sensações, os diálogos com partes de si mesmo; e ainda pode ser aliada a técnicas corporais, Hipnose, Psicodrama, Biodança, etc., ou seja, é fácil traduzir essas e outras teorias para o modelo transacional. Em outras palavras, como diz R. Kertész descrevendo a facilidade de entendimento da AT: “creio que é o melhor idioma psicológico, porque todos o entendem”.

Berne dizia que: “se um observador entra num grupo de terapia transacional, talvez leve algum tempo para distinguir quem seja o terapeuta já que ele não se veste de maneira diferente, age de modo natural e usa o mesmo idioma que os integrantes”. Isso enfatiza a sua filosofia igualitária: ninguém é melhor do que ninguém, apenas alguns possuem maiores talentos do que outros, em algum aspecto.

Outra característica da AT é o trabalho contratual. O contrato é um acordo bilateral entre o terapeuta e o cliente, que tem por finalidade alcançar os objetivos propostos. O cliente enumera as mudanças que deseja alcançar e o terapeuta aceita trabalhar com ele facilitando-o atingir as mudanças desejadas.

O objetivo último da AT é levar o indivíduo a alcançar a Autonomia de Vida. Entende-se por Ser Autônomo o indivíduo que tem o controle de sua própria vida, aceita a responsabilidade de seus próprios sentimentos, pensamentos e comportamentos, além de abdicar-se de padrões inadequados para viver no aqui-e-agora. Tudo isso pode ser obtido através da recuperação de três capacidades: consciência, espontaneidade e intimidade. Essas três capacidades são inatas no ser humano, entretanto algumas vezes ficam limitadas devido a situações estressantes ou traumáticas que sofremos em nossa infância.

Os dez instrumentos da AT são os seguintes:

1) Os Estados de Ego ou Estados do Eu – definidos por Berne como: “um estado de Ego pode ser descrito fenomenologicamente como um sistema coerente de sentimentos relacionados a um dado sujeito e operacionalmente como um conjunto de padrões coerentes de comportamento; ou ainda do ponto de vista pragmático, como um sistema de sentimentos que motiva um conjunto de padrões de comportamentos afins”.

É uma estrutura tripartida, cujas partes são designadas de Estado de Ego Pai, Estado de Ego Adulto e Estado de Ego Criança (P, A e C). É como a nossa personalidade está formada. É a nossa estrutura interna. Portanto, trata-se do relacionamento intrapessoal. Entenda o que acontece e quem manda em sua cabeça conhecendo a teoria e a prática da Análise Transacional.

Outras páginas onde falamos, direta ou indiretamente, sobre este instrumento:

Os Modelos de Estados de Ego Descritos por Eric Berne

Diagnóstico dos Estados de Ego Segundo Eric Berne

Diagramas: estrutural e funcional – suas aplicações

Patologias dos estados de ego: contaminação, exclusão, lesão de fronteira e noção de catexia (cathexis)

Representação gráfica de um egograma, “hipótese da constância” e nossa abordagem com um cliente com este egograma

2) Transação – é a unidade de ação social, que envolve um estímulo e uma resposta. É como nos comunicamos uns com os outros. Trata-se, por conseguinte, do relacionamento interpessoal. Saiba como manter um relacionamento saudável com o seu par, na família, no trabalho, no social, etc., descobrindo e praticando as leis da comunicação da Análise Transacional.

Outras páginas onde falamos, direta ou indiretamente, sobre este instrumento:

Definição de transação, suas divisões e subdivisões. Um exemplo de transações transferencial e angular.

As regras de comunicação segundo Berne. Como utilizamos estas regras em nossa prática.

O uso deliberado de transações cruzadas. Como utilizamos esse conceito na prática.

3) Estruturação do Tempo – o ser humano, desde o seu nascimento até a sua morte, tem a necessidade de preencher esse vazio que existe em sua vida: o tempo. Existem seis maneiras do ser humano estruturar o seu tempo: quatro delas possuem dois aspectos, um positivo e um negativo; as outras duas – uma só possui aspectos negativos e outra só aspectos positivos.

A maneira como uma pessoa estrutura o seu tempo poderá leva-lo à morte precoce ou a viver por muitos anos. Descubra, com a Análise Transacional, como você está estruturando o seu tempo.

Outra página onde falamos, direta ou indiretamente, sobre este instrumento:

As seis formas de estruturação do tempo segundo Eric Berne; suas relações com quantidade e qualidade de carícias e como fazemos uso desse conhecimento em nossa prática.

4) Carícias (Strucks) – constitui uma das fomes básicas do ser humano. A partir do conceito de Carícias podemos entender por que determinadas pessoas, por exemplo, estão sempre “metendo-se” em situações desagradáveis, situações difíceis, etc.

Por tratar-se de uma fome básica do ser humano, todos nós necessitamos de Carícias. O grande problema é como buscamos as Carícias que necessitamos em nosso dia a dia. Você busca as Carícias Positivas que necessita para o seu dia? Ou você busca Carícias Negativas porque não sabe buscar as Carícias Positivas? Na AT você terá estas respostas que são de fundamental importância para uma vida saudável. Aprenda Análise Transacional e viva bem.

Outra página onde falamos, direta ou indiretamente, sobre este instrumento:

Pesquisas de Spitz, Harlow, estudos de privação sensorial e as conclusões citadas por Berne em suporte a idéia de necessidade de carícias.

5) Emoções – uma das valiosas contribuições de Berne foi a divisão das emoções em duas categorias: Emoções Autênticas e Falsas Emoções (Rackets em inglês, Rebusque em espanhol). Esta divisão facilitou em muito o entendimento das doenças psicossomáticas e por conseguinte o seu tratamento e, principalmente, como evitá-las. Faça um reaprendizado emocional consciente e troque as falsas emoções por emoções autênticas, utilizando o seu poder interior que a Análise Transacional poderá lhe ajudar a redescobrir.

Outra página onde falamos, direta ou indiretamente, sobre este instrumento:

Disfarce segundo Berne, comparação e contrastes dos enfoques de outros autores. Como trabalhamos na prática clínica com os disfarces.

6) Posição Existencial – é a forma como percebemos a nós mesmos em relação às outras pessoas. São juízos de valores ou conceitos de si mesmo e dos demais adquiridos na infância, através de tomada de decisões, muitas vezes, imaturas e irracionais, uma vez que são baseadas nas condições precárias de criança para raciocinar e pensar objetivamente diante da realidade.

É a janela através da qual vemos a nós mesmos e os demais que estão à nossa volta. É uma posição de vida que tomamos em nossa infância, que foi “OK” para a nossa sobrevivência naquela época e realidade em que vivíamos, porém hoje é possível que a nossa realidade seja completamente diferente daquela, entretanto é possível que estejamos continuando a ver o mundo através daquela mesma janela. Saiba como mudar a visão de si mesmo e do mundo, praticando e atuando dentro da filosofia da Análise Transacional.

Outra página onde falamos, direta ou indiretamente, sobre este instrumento:

Definição e descrição das quatro Posição Existencial (PE) descritas por Eric Berne e uma comparação com as definições de outros autores de AT.

7) Jogos Psicológicos – é uma maneira negativa do ser humano estruturar o seu tempo. Os Jogos Psicológicos são constituídos por uma série de lances com uma cilada ou “truque” no meio e com um final previsível. A partir do entendimento do conceito dos Jogos Psicológicos você será convidado a dar-se conta de quanto tempo está perdendo de sua vida praticando-os.

Por que jogamos? O que fazer para não entrarmos em Jogos Psicológicos? A estas e outras perguntas você encontrará as respostas conhecendo a teoria e a prática da Análise Transacional.

Outras páginas onde falamos, direta ou indiretamente, sobre este instrumento:

Jogos Psicológicos: definição segundo Berne e Steiner. Conceito de objetivo, moeda, papéis, tese, antítese, lances e desfecho. As vantagens segundo Berne, a fórmula G (J) e os papéis no triângulo dramático.

Um jogo típico observado em nossa prática e os seus diferentes graus. Como lidamos com esse jogo e as formas de responder aos jogos segundo Dussay.

8) Script de Vida – também chamado de Argumento de Vida, é um plano inconsciente de vida ou ainda um programa em marcha, que o indivíduo desenvolve na primeira infância sob influência parental e que irá dirigir a sua conduta nos aspectos mais importantes de sua vida.

As mensagens parentais, chamadas mandatos, são enviadas pelos pais (ou substitutos), normalmente, de forma não verbal e recebidas como ordens pelos filhos, que freqüentemente decidem obedecer por não possuírem outras informações.

Existem muitos mandatos, dentre eles: “não viva”, “não sinta”, “não pense”, “não cresça”, “não seja você mesmo”, “não faça”, “não consiga” (“fracasse”), etc. Lembrando que os mandatos agem por toda uma vida sem que o indivíduo tenha consciência da existência dos mesmos. Os pais ou substitutos, por sua vez, também não têm consciência que estão transmitindo tais mensagens. Portanto, tudo fica perfeitamente “camuflado”. Às vezes alguns indivíduos apenas suspeitam que existe “algo errado” em sua vida… mas… fica por isso mesmo.

Saiba que o mais importante de tudo é que isso pode ser mudado. Para tanto, conheça e pratique os conceitos da Análise Transacional.

Outras páginas onde falamos, direta ou indiretamente, sobre este instrumento:

Script de Vida, sua relação com Compulsão e Repetição e com Gestalt incompleta ou Fixada. Nossa abordagem terapêutica com estes conceitos.

Os sete (7) elementos do aparelho do Script segundo Berne.

Diversas classificações de Script e aplicação prática desse conhecimento.

Diagrama da matriz do Script de um cliente (nosso) segundo Berne e Steiner. Como fazemos o planejamento terapêutico usando essas matrizes.

9) Miniscript de Vida – também chamado de miniargumento, é uma seqüência de condutas observáveis, segundo a segundo, que numa tentativa de livrar o indivíduo de seu Script de Vida, termina por “empurrá-lo” cada vez mais para dentro dele.

Essas condutas observáveis são impulsionadas pelos comportamentos de Compulsores, assim chamados por induzir aos comportamentos inadequados.

Saiba como evitar os comportamentos de Compulsores estudando e praticando Análise Transacional.

Outra página onde falamos, direta ou indiretamente, sobre este instrumento:

Miniscript (ou miniargumento) positivo e negativo: seus componentes e como fazemos uso desta teoria em nosso trabalho.

10) Dinâmica de Grupo – grupo, de acordo com Berne, ” é qualquer agregação social com um limite externo e pelo menos um limite interno”. O autor desenvolveu a sua própria teoria de grupo, tanto para área clínica como para a área organizacional.

Saiba como um grupo de Análise Transacional pode ser útil para ajudar a melhorar a sua vida.

Outra página onde falamos, direta ou indiretamente, sobre este instrumento:

Definição e Conceito de ” Imago Grupal”, as quatro (4) fases de evolução de um grupo segundo Berne e como aplicamos esse conceito em nossa prática.