Representação gráfica de um egograma, "hipótese da constância" e nossa abordagem com um cliente com este egograma

Por José Silveira Passos

Criado por John Dussay (Os Egogramas e a “Hipótese de Constância”, in: Prêmios Eric Berne), “Os egogramas representam a intensidade e a freqüência dos estímulos que procedem de um estado de Ego e provêm de símbolos visuais dos estados de Ego predominantes”, p. 37. O Egograma é um gráfico de barras, em que cada barra representa um estado de Ego, conforme representado abaixo.

Cliente sexo masculino, 39 anos, estrangeiro (está no Brasil há 4 anos), vive maritalmente há 3 anos, sem filhos, a mulher sustenta a casa, não trabalha atualmente.

Queixa inicial: dificuldades de relacionamentos em geral, inclusive com a mulher.

O Egograma a seguir foi traçado após a terceira consulta:

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Dussay, (Os Egogramas e a “Hipótese de Constância”, in: Prêmios Eric Berne), descreve que “Tem-se como hipótese que quando um estado de Ego aumenta em intensidade, um outro deve decrescer, por causa da mudança na energia psíquica, cujo total deve ser um fator constante”, p. 38. Afirma, ainda, que alguns fatores biológicos e sociais são importantes em relação a intensidade, resultando assim na equação psicofisiológica: (P + A + C)mm = K, onde:

P A C – São as partes dos estados de Ego que podem ser separadas.

mm – Variável relacionada aos fatores biológicos e sociais.

K – Constância da energia psíquica total.

Observamos no Egograma em questão, que os estados de Ego do cliente estão poucos catexados com exceção do estado de Ego CA. Entretanto, o cliente apresenta sintomas de inibição, apatia e pessimismo, evidenciando que grande parte da energia interna está sendo gasta, pelo cliente, para se deprimir, conforme afirma Dussay (Os Egogramas e a “Hipótese de Constância”, in: Prêmios Eric Berne), citando as pesquisas de Tissot e do grupo de Michael Reese em apoio às suas observações clínicas.

Mesmo que esse Egograma não fosse do meu cliente, ou seja, se não conhecesse a pessoa, poderia interpretá-lo sem nenhuma dificuldade e saber como é a vida dessa pessoa, bem como suas dificuldades e patologias. A hipótese da constância nos permite afirmar que o desenvolvimento do estado de Ego Adulto dessa pessoa é fundamental para que ele possa prover os meios de sua subsistência, bem como desenvolver os demais estados de Ego (PN e CL), com isso garantir que sua CA irá diminuir (aumentando um ou mais estados de Ego, outro ou outros estados de Ego irão diminuir, mantendo assim, a energia psíquica total constante).

Nossa abordagem com esse cliente foi inicialmente fornecendo carícias positivas de tal modo que foi possível iniciar os trabalhos de descontaminação de seu estado de Ego Adulto. Após três sessões individuais, o cliente foi inserido em um grupo de terapia, onde pode receber as carícias do grupo pelos seus comportamentos positivos. Continuou, inicialmente, com a terapia individual onde permitiu-se trabalhar a descontaminação de seu Adulto até o ponto em que ficou somente com a terapia de grupo (onde permanece até hoje).

Na medida em que seu estado de Ego Adulto foi sendo fortalecido, informações a respeito de análise estrutural e funcional foram sendo fornecidas, e em paralelo, contratos foram sendo propostos com a finalidade de corroborar no fortalecimento de seu Adulto.
Três meses após o início da terapia o cliente iniciou sua atividade profissional (artesanato com prata), começou a pagar a sua própria terapia (até então quem pagava era a sua mulher).

Bibliografia:

1 – Berne, E., Análise Transacional em Psicoterapia, Editorial Summus, São Paulo, 1985.
2 – Dussay, J. M., Os Egogramas e a “Hipótese de Constância”, in: Prêmios Eric Berne.
3 – Dussay, J. M., A Evolução da Análise Transacional, in: As Escolas de Análise Transacional, Apostila da UNAT-BR.